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Como me tornei publicitária

 Quando escolhi minha carreira não tive grandes dúvidas, eu sabia que qualquer coisa que juntasse ou incluísse minha criatividade seria o caminho certo. Depois de uma visita a Metodista e uns três anos namorando os panfletos deles, era exatamente o que eu queria. Algumas pessoas tem dificuldade nesse momento da vida mas eu não, estava focada em publicidade e propaganda, não conhecia nenhum publicitário, nunca havia pisado em uma agência mas além dos testes vocacionais, eu me sentia "a pessoas das ideias", um exercício de redação na aula de português feito em poucos minutos relevou um dom desconhecido de escrita, eu já desenhava, pitava, fazia artesanato e sempre digo que não sei como sobrevivi ao ensino médio. Estudava pela manhã, trabalhava por quatro horas no laboratório de informática de tarde e ia para o inglês ou espanhol, dependendo do dia, almoçava na própria escola, fazia minha lição e lia os livros da Fuvest sem nem saber que queria prestar Fuvest. Aos final de semana fazia um cursinho gratuito que mais parecia um reforço escolar e tentava depois do cursinho, ser uma adolescente mais normal, a falta de recursos na época não me permitia fazer muitas coisas e parecia que meus amigos só sabiam ir ao shopping. Bom, amigos?! Não sei dizer exatamente muitos nessa épica. Na verdade eu era uma adolescente bonita, ao contrario de outras pessoas que não gostam de ver suas fotos dessa fase da vida, eu realmente gosto. Apesar de um pouco tímida nessa época sempre tinha vários pretendentes e só percebi isso quando eles sumiram com o tempo. 


Hoje tenho um orgulho tão grande daquela Iara adolescente, eu estava tão focada a ser a minha melhor versão que nada mais importava. Eu realmente havia desabrochado como dizem, mudar de escola no ensino médio foi fundamental para as mudanças interiores, eu morria de medo de ser prejudicada por estar numa escola pública com um ensino dito inferior e de fato era. Poucos professores se destacavam ali e estes poucos eram os preferidos, entre eles meu professor de história do primeiro ano que mesmo depois de não me dar mais aula era meu conselheiro e me incentivou a prestar ProUni, algo que eu não acreditava muito. É que parecia bom de mais pra ser verdade estudar quatro anos de graça numa faculdade particular que era perfeita pra mim. Terminando o ensino médio fui trabalhar de recepcionista e estava odiando aquele trabalho por varias razões, cito isso sem medo porque o lugar faliu e nunca me registrou, mas isso é história. Nos dois meses que trabalhei lá o melhor dia foi quando sai porque olhava todos os dias o resultado da bolsa de estudos, era fevereiro de 2009 e eu havia sido aprovada. 


Entrei uns dias atrasada por causa da bolsa e perdi aquela bagunça do troque que ainda era pesado em 2009. Um rapaz do meu ano foi amarro bêbado a um poste com fita e depois bateu a cabeça, entrou em coma e não soube mais nada dele. Minha visão de faculdade era a dos filmes americanos, mas os alunos do meu ano eram bem normais e focados como eu. Claro que um ou outro causava, mas eu estudava de manhã e logo fiz amizade com os certinhos ou nerds. Se alguém da faculdade ser este texto entenda como um elogio por favor. Meu ensino médio havia sido tão insano com explosões de lixeiras e tropa entrando com gás de pimenta dentro da escola que a paz da universidade se tornou sagrada. Meu momento preferido do dia era chegar toda encapuzada porque São Bernardo do Campo é mais frio, todo o vento do oceano parecia ir pra lá, eu subia a rampa devagar e logo via a parte central do campus repleta de árvores lindas, tinha cheiro de orvalho. Como eu não tinha dinheiro pra nada a cantina era quase um sonho e eu pegava um cafezinho bem aguado na recepção da faculdade de graça. Aquilo era extraordinário pra mim. Quando conseguia uns trocados com meu pai comia na praça de alimentação da faculdade mas no primeiro ano praticamente nem pisei lá pra não passar vontade. Havia uma pequena cantina nos fundos da faculdade que eu apelidei carinhosamente de gigabit por causa da novela Malhação. Lá era uma cantina missionária, então o lanche era mais em conta, não esqueço dos bolos de cenoura com cobertura de chocolate, pagava R$ 2,50 e vinha um pedaço gigante.


Do segundo ao quarto ano de faculdade eu estudava pela manhã e trabalhava pela tarde. Foi nessa época que criei este blog e eu tinha tantos sonhos pra quando me formasse. Hoje vou parar por aqui mas em outra ocasião continuarei. 

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